segunda-feira, 19 de outubro de 2009

JOÃO GUIMARÃES ROSA


Obras principais:

Sagarana (contos, 1946); Corpo de baile (Manuelzão e Miguilim; No Urubuquaquá, do Pinhém; Noites do sertão; novelas, 1956); Grande sertão: veredas (romance, 1956); Primeiras estórias (contos, 1962); Tutaméia (contos, 1967); Estas estórias (contos, 1969).

Caraterísticas básicas:

- A primeira grande inovação do autor é da linguagem, cheia de arcaísmos, neologismos, onomatopéias, inversões, novas construções sintáticas, etc., e que poderia ser resumida assim:
Linguajar sertanejo + Recriação estilística = Linguagem revolucionária

Observe o início de Grande sertão: veredas:

Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem, não, Deus, esteja. Alvejei mira em árvore, no quintal, no baixo do córrego. Por meu acerto. Todo dia isso faço; gosto, desde mal em minha mocidade. Daí, vieram me chamar. Causa dum bezerro: um bezerro branco, erroso, os olhos de nem ser-se viu e com máscara de cachorro.

- O mundo retratado em suas ficções é o do sertão mineiro, um mundo imobilizado no tempo, sem vínculos com o litoral modernizado do país e cuja principal traço é a consciência mítica dos protagonistas. Esta consciência mágica explica o mundo pelo sagrado e pelo fantástico. Assim, os fenômenos naturais indicam sinais de potências misteriosas e inexplicáveis. À medida que a modernidade urbana /capitalista avança, o mítico tende a ser dissolvido.

- A presença do demônio em Grande sertão: veredas faz com que a narrativa se insira na categoria do realismo mágico.

- Alguns contos de Guimarães Rosa são célebres. Entre eles, figuram: A hora e a vez de Augusto Matraga e O burrinho pedrês, de Sagarana; e A terceira margem do rio, de Primeiras estórias.

Grande sertão: veredas

- A temática da "jagunçagem" e a prosa inovadora atingiriam o seu apogeu neste romanace, que se estrutura no jogo dialético do presente e do passado. Assim:

Plano presente:

O ex-jagunço e, hoje fazendeiro, Riobaldo narra a história de sua vida para um "doutor" da cidade. O "doutor" nada declara durante o discurso de Riobaldo, que assim se converte em monólogo. Ao lado das reminiscências, Riobaldo formula uma série de interrogações sobre o sentido da existência, a luta do Bem x Mal, a presença real ou fictícia do demônio, etc.

Plano passado:

Focaliza as experiências de Riobaldo como jagunço, quando realiza sua longa travessia pelo sertão mineiro. Uma travessia exterior por um sertão objetivo, geográfica e historicamente falando. Numa espécie de "banalidade do mal", os bandos armados se exterminam a serviço dos grandes latifundiários. Mas como o "sertão está em toda a parte, o sertão está dentro da gente", essa travessia torna-se interior, levando Riobaldo ao autoconhecimento. A percepção de si mesmo surge do contato com outros homens, em especial da dupla polarizada Diadorim-Hermógenes. O primeiro, mulher camuflada de homem, deflagrará no narrador o processo amoroso. O segundo – força demoníaca - representará o ódio, o sangue e a perfídia.

Não esqueça: A obra de João Guimarães Rosa – embora centrada no mundo sertanejo mineiro –ultrapassa pela linguagem revolucionária e pela indagação a respeito da questões fundamentais do homem (amor, sentido da vida e da morte, mito e razão, etc.) os parâmetros do regionalismo, permanecendo como uma obra de valor universal.

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